OS DOIS LADRÕES

Um dos malfeitores, ali crucificados, blasfemava contra ele: ‘Se és o Cristo, salva-te a ti mesmo e salva-nos a nós!’. Mas o outro o repreendeu: ‘Nem sequer temes a Deus, tu que sofres no mesmo suplício? Para nós isto é justo: recebemos o que mereceram os nossos crimes, mas este não fez mal algum.’ E acrescentou: ‘Jesus, lembra-te de mim, quando tiveres entrado no teu Reino!’. Jesus respondeu-lhe: ‘Em verdade te digo: hoje estarás comigo no paraíso’.” (Lucas 23,39-43)

Dois ladrões. Ambos estão sofrendo “justamente”, e ambos têm reações muito diferentes ao Senhor crucificado no meio deles. Mas gostaria de observar outra coisa aqui: os dois ladrões realmente pedem salvação ao Senhor, embora de maneiras muito distintas.

O ladrão não-arrependido exige arrogantemente que o Senhor “prove” a Si mesmo: “Se és o Cristo”, diz ele, muito parecido com Satanás, quando tentou nosso Senhor no deserto, dizendo: “Se és Filho de Deus…” (Mateus 4,1-11). Assim, o ladrão não-arrependido exige salvação na forma de um desafio arrogante, bastante diabólico, cheio de um senso de direito. Não há senso de seus próprios erros, de sua própria dívida; também nenhum sentimento de compaixão pelo Co-Sofredor. O Senhor lhe deve, de alguma maneira.

O ladrão arrependido, por outro lado, faz um pedido humilde e muito menor: “Lembra-te de mim”, é tudo o que está pedindo. Este ladrão está ciente de seus próprios erros, e a humildade abre seus olhos para Quem está ao lado dele, crucificado. A humildade também torna o coração do ladrão arrependido capaz de compaixão, apesar de seu próprio sofrimento, em sua própria cruz.

Hoje peço a graça da humildade, tanto na minha abordagem a Deus, em oração, quanto na minha abordagem aos companheiros de luta ao meu lado. É a humildade que abre nossos olhos para o Senhor crucificado em nosso meio e nos torna capazes de compaixão.

Versão brasileira: João Antunes

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