“Sabemos, com efeito, que ao se desfazer a tenda que habitamos neste mundo, recebemos uma casa preparada por Deus e não por mãos humanas, uma habitação eterna no céu. E por isso suspiramos (στενάζομεν) e anelamos ser sobrevestidos da nossa habitação celeste, contanto que sejamos achados vestidos e não despidos. Pois, enquanto permanecemos nesta tenda, gememos oprimidos (στενάζομεν, βαρούμενοι): desejamos ser não despojados, mas revestidos de uma veste nova por cima da outra, de modo que o que há de mortal em nós seja absorvido pela vida. Aquele que nos formou para este destino é Deus mesmo, que nos deu por penhor o seu Espírito.” (2 Coríntios 5,1-5)
São Paulo está falando sobre o mistério de nossa ressurreição corporal, na qual seremos “revestidos” de um corpo transfigurado e ressuscitado. Como será esse corpo? Eu não sei. O que sei é que no meu corpo atual, “a tenda que habitamos neste mundo”, uma parte de mim se sente insuficiente, pois “suspira” e “anela ser sobrevestida de nossa habitação celeste”, como o apóstolo observa aqui. É o “buraco no coração” dado por Deus. Na jornada carregando a cruz, no Espírito Santo, esse não é um tipo infeliz ou doentio de “suspirar” e “ansiar”. À luz da fé, é esperançoso, como dizemos no Credo: “Espero a ressurreição dos mortos e a vida do mundo que há de vir”. Fora da fé, por outro lado, e fora de uma conexão com Deus, o “buraco no coração” costuma ser um poço escuro de ansiedade meramente humana e até de pavor.
Portanto, que eu não ignore o buraco no meu coração hoje, mas em espírito de oração o exponha à luz de Deus, “de modo que o que há de mortal em nós seja absorvido pela vida”, já no meu aqui e agora. Graças Te dou, Senhor, por fazer brilhar Sua presença em mim hoje e por me deixar bem, mesmo em minha insuficiência.
Versão brasileira: João Antunes
© 2019, Sr. Vassa Larin
www.coffeewithsistervassa.com