“Depois do sábado, quando amanhecia o primeiro dia da semana, Maria Madalena e a outra Maria foram ver o túmulo. E eis que houve um violento tremor de terra: um anjo do Senhor desceu do céu, rolou a pedra e sentou-se sobre ela. Resplandecia como relâmpago e suas vestes eram brancas como a neve. Vendo isso, os guardas pensaram que morreriam de pavor. Mas o anjo disse às mulheres: ‘Não temais! Sei que procurais Jesus, que foi crucificado. Não está aqui: ressuscitou como disse. Vinde e vede o lugar em que ele repousou. Ide depressa e dizei aos discípulos que ele ressuscitou dos mortos. Ele vos precede na Galileia. Lá o haveis de rever, eu vo-lo disse’. Elas se afastaram prontamente do túmulo com certo receio, mas ao mesmo tempo com alegria, e correram a dar a Boa-Nova aos discípulos.’ (Mateus 28,1-8)
Não é o que as mulheres procuram, nem o que elas veem, que as deixam “com certo receio, mas ao mesmo tempo com alegria”. É antes o que elas não esperam, e não veem: que Ele “não está aqui”. É um túmulo vazio, após o acontecimento da Ressurreição, para o qual não houve testemunhas oculares.
Que estranho, que intrigante, é o nosso Senhor em Seus maiores mistérios e dons. Não podemos “ver” ou olhar diretamente para os Seus dons mais importantes, embora eles iluminem, e deem sentido a todo o resto. Como — não consigo resistir a uma citação de Chesterton aqui — G. K. Chesterton observa: “Como o misticismo do sol do meio-dia explica todo o resto pelo brilho de sua própria invencibilidade vitoriosa… A única coisa criada que não podemos olhar é a única coisa à luz da qual vemos tudo”.
E assim é com esta coisa gloriosa que Ele fez por nós, ressuscitando dos mortos: Sabemos que Ele o fez, mas não podemos ver nem dizer exatamente como. E assim é com outras coisas vitais que Deus nos traz, como o crescimento espiritual, como a amizade, e o amor. Quantas vezes só reparo nestes dons depois de eles se terem cristalizado de alguma forma, por vezes até num momento difícil de dor ou perda, quando eu pensava que Deus não estava realmente prestando atenção. Glória a Ele hoje, que de um sepulcro escuro e úmido nos traz uma nova vida, onde menos esperavamos encontrá-la. Cristo ressuscitou!
Versão brasileira: João Antunes
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