“Mulheres, ouçam a voz da alegria: ‘Atravessando o tirano Inferno, ergui o mundo da corrupção. Corram, contem aos meus amigos as boas novas, pois desejo que a alegria brilhe sobre o que formei a partir da fonte da qual veio a dor’.” (Exapostilarion do Domingo das Santa Miróforas)
Neste hino, Cristo dirige-se às Miróforas, e através delas à todas as mulheres. Ele nos diz para não caminhar, mas para “correr” e contar aos Seus “amigos” a boa nova da ressurreição. Assim Ele concede às mulheres uma voz que nós não tínhamos, desde que Adão foi banido do paraíso, — como Deus diz a Adão: “Porque ouviste a voz da tua mulher…” (Gênesis 3,17). Agora, logo após a Sua ressurreição, Cristo escolhe espalhar alegria “a partir da fonte da qual veio a dor”, a voz feminina, empregando mulheres como Suas testemunhas e como as primeiras mensageiras da ressurreição, — não apenas ou principalmente para outras mulheres, mas para Seus discípulos homens.
A “voz” das mulheres não foi bem recebida pelos apóstolos, que pensavam que as suas palavras eram “um delírio, e não lhes deram crédito” (Lucas 24,11). E ao longo da História da Igreja, até nossos dias, a voz das mulheres, na rara ocasião em que é ouvida, não é recebida sem problemas. Assim, desde os tempos apostólicos, quando as mulheres reagiram pela primeira vez à sua nova vocação com medo “e a ninguém disseram coisa alguma” (Marcos 16,8), continua a ser difícil, tanto para as mulheres falar na Igreja, como para os homens ouvi-las. No entanto, isso acontece, pela graça do Senhor ressuscitado, Que continua a chamar-nos para o perigoso negócio de sermos Suas “testemunhas”, para que possamos superar a ruptura da nossa comunhão com Ele e uns com os outros. Portanto, que hoje espalhemos a Sua alegria, como Ele nos chama a fazer, dizendo: “Mulheres, ouçam a voz da alegria!”.
Versão brasileira: João Antunes
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