“Eu vejo a lua ruim nascendo
Eu vejo problemas no caminho
Eu vejo terremotos e relâmpagos
Eu vejo tempos ruins hoje
Não ande por aí esta noite
Bem, está prestes a tirar a sua vida
Tem uma lua ruim nascendo”
(“Bad Moon Rising”, Creedence Clearwater Revival, 1969)
“Segunda-feira”, em inglês, significa literalmente “o dia da lua”. É a tradução inglesa do latim tardio “lunae dies”, de uma época, na antiguidade, em que os sete dias da semana tinham o nome do que os antigos acreditavam ser os sete planetas, que eram deificados, e que se acreditava afetarem nossas decisões e vidas. John Fogerty não acreditava nisso a respeito da lua, quando escreveu a conhecida canção acima citada, mas – não obstante – usou a imagem de uma lua “ruim”, (que ele tinha visto num filme noir), para expressar as suas próprias preocupações em 1969, sobre a sua carreira possivelmente em decadência. (O que não ocorreu, caso você não saiba).
Mesmo enquanto adoro esta canção tanto qualquer outro cara que tenha crescido nos anos 70 😕, esta segunda-feira estou refletindo sobre a nossa compreensão cristã da lua, e das segundas-feiras. Para nós, não existe tal coisa como “uma lua ruim”. Ela é desde o início uma “boa” criação de Deus, criada num “quarto dia” da criação, como descrito no Gênesis 1,16ss: “Deus fez os dois grandes luzeiros: o maior para presidir o dia e o menor para presidir a noite; e fez também as estrelas. Deus colocou-os no firmamento do céu para que iluminassem a terra, presidissem o dia e a noite, e separassem a luz das trevas. E Deus viu que isso era bom”.
No sistema litúrgico do calendário eclesiástico de nossa Igreja (bizantina), as segundas-feiras são o dia da semana em que celebramos não qualquer criação visível de Deus, mas Sua criação invisível, – os anjos e todos os outros Poderes Incorpóreos Celestes (os Querubins, Serafins, etc.). Assim, somos chamados, ao acordarmos numa segunda-feira e ao encararmos nossa semana de trabalho, a redescobrir nossa ligação e consciência dos “bonzinhos invisíveis” em nosso meio. Este é um chamado não para a desgraça e a tristeza, mas para a esperança. Porque temos auxílio, daqueles seres cheios de luz que são encarregados de nos empurrar na direção certa, de luz, sempre que estamos abertos a fazer-lhes amizade. E sou recordado de que a minha atitude fundamental, como cristão, é de esperança, e não de medo. Pelo caminho da Cruz, enfrento as minhas responsabilidades e sempre (como dizemos no final do Credo) “esperando” nova vida; “a ressurreição dos mortos, e a vida do mundo que há-de vir” (E espero a ressurreição dos mortos… / Προσδοκῶ ἀνάστασιν νεκρῶν… / Exspecto resurrectionem mortuorum…). Por isso, que eu tome minha cruz, esta segunda-feira de manhã, com uma oração àqueles que invisivelmente nos assistem, para afastar qualquer medo daquilo que é criado por um Deus bom, e que está em Suas boas mãos.
Versão brasileira: João Antunes
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