PALAVRAS “DIGNAS DE NOTA”

Então disse Maria: ‘Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a tua palavra’. E o anjo afastou-se dela. Naqueles dias, Maria se levantou e foi às pressas às montanhas, a uma cidade de Judá. Entrou em casa de Zacarias e saudou Isabel. Ora, apenas Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança estremeceu no seu seio; e Isabel ficou cheia do Espírito Santo. E exclamou em alta voz: ‘Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre. Donde me vem esta honra de vir a mim a mãe de meu Senhor?…’” (Lucas 1,38-43)

À medida que aqueles de nós que seguem o Calendário Juliano Revisado [Calendário Gregoriano] se preparam para a festa da Dormição [Assunção] da Theotokos que se aproxima, e aqueles de nós no Calendário Juliano Tradicional se preparam para o jejum da Dormição, estou refletindo sobre certas conversas históricas na vida de uma Maria de 14 anos, a mais gloriosa Theotokos. Ninguém tomou nota, nem noticiou nas “notícias”, naquela altura, a conversa que Maria, uma “ninguém” adolescente de Nazaré, teve com um Arcanjo, nem a conversa que a Theotokos teve com Isabel. No entanto, as palavras pronunciadas nestas conversas acabaram por ser recordadas, e celebradas, mesmo até aos nossos dias, por inúmeros cristãos, como uma fonte de sentido e inspiração para as nossas jornadas carregando a cruz.

E agora que eu reflita sobre todas as palavras hoje noticiadas, em nosso ciclo de notícias 24×7, sobre esta ou aquela coisa que um político ou celebridade disse, por exemplo, ainda hoje, aos seus seguidores, num tweet ou discurso ou numa conferência de imprensa. Quanto é que preciso realmente de me preocupar com estas palavras, e quanto da minha atenção merecem, realmente, mesmo que sejam de alguma forma consideradas “dignas de nota” hoje em dia? … Eu não sei, talvez a comparação seja tola, como “misturar alhos com bugalho”. Mas neste momento, conforme estou inundado com “notícias” das últimas declarações ultrajantes de alguma celebridade em nossas “notícias”, estou encontrando consolo no pensamento de que todas estas palavras passarão, e serão esquecidas, como inúteis para a posteridade. Graças Te dou, Senhor, pelas palavras vivificantes das Sagradas Escrituras, incluindo as poucas e preciosas palavras de Tua Mãe, uma “ninguém” adolescente de Nazaré. Como Tu nos prometeste, “o céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não passarão” (Mateus 24,35), — e de fato não passaram. Glória a Ti.

Versão brasileira: João Antunes

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