UM “SACRIFÍCIO DE LOUVOR”

[…] o mundo é Meu, assim como toda a sua plenitude. Não irei comer carnes de touros nem beberei sangue de bodes, pois não? Sacrifica antes a Deus (Θῦσον τῷ Θεῷ) um sacrifício de louvor (θυσίαν αἰνέσεως) e paga ao Altíssimo as tuas orações […] Um sacrifício de louvor (θυσία αἰνέσεως) Me glorificará. E eis um caminho pelo qual Eu lhe indicarei a salvação de Deus.” (Salmo 49,12b-14.23 – cf. Septuaginta, tradução ao português por Frederico Lourenço)

Deus não “precisa” de nenhuma das nossas “coisas”, que podemos pensar em “sacrificar” ou oferecer-Lhe, porque o mundo inteiro já é Seu. “O mundo é Meu”, recorda-nos Deus neste salmo, assim “como toda a sua plenitude”. O que Ele nos ensina, ao permitir as várias “oferendas” no Antigo Testamento, é a auto-doação. É todo o “ponto” da Lei, e foi cumprido na Auto-doação de uma vez por todas do Filho único de Deus.

Ao longo da História da Salvação, Deus quer libertar-nos da “escravidão do ego”; para nos ajudar a sair do isolamento egocêntrico, para que possamos ir para além de nós mesmos e viver a vida como fomos destinados a viver, em comunhão com Ele e com os outros. Ele quer que nos libertemos do nosso infinito: “Sim, mas…”, que tantas vezes nos impede de aceitar a graça de Deus e, em vez disso, abracemos a gratidão, a humildade, a aceitação, e até mesmo o “louvor”. Este “sacrifício de louvor” é como uma vela: quando nos permitimos “queimar” com o louvor de Deus, o nosso “ego” (como a cera da vela) é diminuído, e no entanto prolongado, multiplicado e transfigurado em calor e luz para além de nós mesmos, pela graça de Deus.

Talvez para muitos de nós, como Leonard Cohen, na canção Hallelujah, “é um frio e sofrido Aleluia”, o nosso “sacrifício de louvor”, mas que está gradualmente sendo curado e auxiliado, na aventura ao longo da vida que é a nossa jornada carregando a cruz. Portanto, que eu abandone os meus “Sim, mas…”, acenda uma vela diante dos meus ícones, e louve um pouco a Deus, hoje. Слава Богу за всё всё! (Graças a Deus por tudo!)

Versão brasileira: João Antunes

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