“Exorto-vos, pois, – prisioneiro que sou pela causa do Senhor –, que leveis uma vida digna da vocação à qual fostes chamados (τῆς κλήσεως ἧς ἐκλήθητε), com toda a humildade e amabilidade, com grandeza de alma, suportando-vos mutuamente com caridade. Sede solícitos (σπουδάζοντες) em conservar a unidade do Espírito no vínculo da paz. Sede um só corpo e um só espírito, assim como fostes chamados pela vossa vocação a uma só esperança. Há um só Senhor, uma só fé, um só batismo. Há um só Deus e Pai de todos, que atua acima de todos, por todos e em todos.” (Eférios 4,1-6)
A “vocação à qual fostes chamados”! O que é isso, exatamente? É “conservar a unidade do Espírito (ἐνότητα τοῦ Πνεύματος) no vínculo (συνδέσμῳ) da paz”, como um só Corpo, num só Senhor. É disso que se trata a igreja ou “ekklesia” (do verbo “ekkaleo”, chamar), composta por todos aqueles “chamados”.
Infelizmente, porém, por vezes digo a mim mesmo para não me azucrinar, quando surge algum conflito com alguém, e a unidade é rompida. Prefiro não “lidar” com isso, e deixo-me a mim e aos outros seguirem os nossos caminhos cada um para o seu lado. Mas ao ler hoje a passagem acima citada, apercebo-me de que este “não” querer “lidar” é precisamente o oposto de como o Apóstolo nos está exortando para sermos, mesmo quando ele é “um prisioneiro pela causa do Senhor”, — como muitos de nós poderíamos estar esforçando-nos por sermos, nos confinamentos relacionados com a Covid.
Por isso, enquanto me preparo para o Dia de Ações de Graças em confinamento, que eu seja “azucrinado” hoje, se precisar de fazer reparações “com toda a humildade e amabilidade”. E isso significa, deixando os resultados destas reparações para Deus, que sozinho nos pode conceder a verdadeira unidade, como Fonte da Unidade. “Vinde e habitai em nós”, Senhor, e perdoai-nos as nossas faltas em todo esse negócio de unidade, tal como nós nos perdoamos a nós mesmos, por Vossa graça.
Versão brasileira: João Antunes
© 2020, Sr. Vassa Larin
www.coffeewithsistervassa.com