O SILÊNCIO DO SÁBADO SANTO

Quando desceste à morte, ó Vida imortal, / então o hades foi morto pelo fulgor da Tua Divindade; / quando fizeste ressurgir os mortos das profundezas dos abismos, / as potências celestes cantavam: / ó Cristo nosso Deus, Doador da Vida, glória a Ti!” (Tropário do Grande e Santo Sábado)

O grande “silêncio” do Sábado Santo, quando o Deus-Homem jaz no túmulo, é diferente para cada um dos envolvidos. Para José de Arimateia e as mulheres que tinham visto “como foi posto o seu corpo”, e agora, no sábado, “repousaram, conforme o mandamento” (Lucas 23,56), foi um dia de grande luto e esperança enterrada.

Para nós, no entanto, o “silêncio” de hoje é mais como a calmaria antes de uma tempestade. Porque sabemos que o Senhor do Sábado está “trabalhando” mesmo quando “toda carne mortal” está em silêncio perante a Sua morte horrível: “Meu Pai trabalha até agora”, disse-nos Ele noutro sábado, “e eu trabalho também” (João 5,17).

E assim é neste Grande e Santo Sábado, quando a Fonte da Vida desce à morte e ao hades, não como alguém derrotado, mas como Vitorioso; como Aquele a Quem à “morte não era possível reter” (Atos 2,24). O “hades é morto” por Ele já hoje, e Ele traz nova vida, n’Ele, àqueles que ali estavam presos. É por isso que o nosso ícone da festa da Ressurreição retrata este dia, o Sábado Santo, ou a descida vitoriosa de Cristo ao Hades. “Ó Cristo nosso Deus, Doador da Vida”, como antecipamos a Sua saída do Sepulcro no grande silêncio de hoje, “glória a Ti!”.

Versão brasileira: João Antunes

© 2021, Ir. Vassa Larin
www.coffeewithsistervassa.com