PERMANECER, MESMO QUANDO NÃO COMPREENDEMOS

‘Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele…’. Muitos pois dos seus discípulos, ouvindo isto, disseram: ‘Duro é este discurso; quem o pode ouvir?’. Sabendo pois Jesus em si mesmo que os seus discípulos murmuravam disto, disse-lhes: ‘Isto escandaliza-vos? Que seria, pois, se vísseis subir o Filho do homem para onde primeiro estava? O espírito é o que vivifica, a carne para nada aproveita; as palavras que eu vos disse são espírito e vida. Mas há alguns de vós que não creem’. Porque bem sabia Jesus, desde o princípio, quem eram os que não criam, e quem era o que o havia de entregar. E dizia: ‘Por isso eu vos disse que ninguém pode vir a mim, se por meu Pai lhe não for concedido’. Desde então muitos dos seus discípulos tornaram para trás, e já não andavam com ele. Então disse Jesus aos doze: ‘Quereis vós também retirar-vos?’. Respondeu-lhe pois Simão Pedro: ‘Senhor, para quem iremos nós? Tu tens as palavras da vida eterna. E nós temos crido e conhecido que tu és o Cristo, o Filho de Deus’.” (João 6,56a.60-69)

As palavras do Senhor sobre comer a Sua carne e beber o Seu sangue eram um “discurso duro” para muitos dos Seus discípulos que “tornaram para trás e já não andavam com Ele”. Isso não é surpreendente, porque nesta altura, muito antes da Ceia do Senhor, nenhum dos discípulos compreendia sobre o que Ele estava falando a respeito.

Mas “os doze” ficaram, apesar de não terem compreendido. Eles haviam “crido”, e “conhecido” que Ele era O Único, o “Filho de Deus”, — como nenhum outro. E aqui, quando a sua fé em Cristo é confrontada com uma das muitas coisas que não compreendiam sobre Ele, demonstram três virtudes tão vitais não só para manter a fé em Cristo, mas para manter qualquer relação pessoal: confiança, amor e paciência. Confiam, antes de mais nada, que o que Ele diz, por mais incompreensível que seja, vale a pena dar o benefício da dúvida, porque Aquele que amam está dizendo-o. E têm a paciência (“hypo-mone” em grego, que significa literalmente “permanecer”, ou sentar-se e esperar o que Deus fará a seguir) para ficar por perto para um esclarecimento do que não compreendem neste momento. Afinal, não havia mais ninguém como Ele, por isso, como diz Pedro, “para quem” mais iriam eles?

Hoje que eu tenha confiança, amor e paciência nas minhas relações com os outros, em meio e apesar das partes que eu possa não compreender. Não me apressarei a “retirar” o meu amor, seja por Deus ou por outras pessoas, no minuto em que for confrontado com o incompreensível ou mesmo absurdo, nelas. Senhor, ajuda-nos a permanecer por Ti, e através de Ti uns pelos outros, pela confiança, amor e paciência do Teu Espírito Santo.

Versão brasileira: João Antunes

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