“Acreditei — por isso falei. Porém, eu fui muito humilhado [= me tornei muito humilde].” (Salmo 115,1 cf. Septuaginta — tradução ao português por Frederico Lourenço)
É geralmente o silêncio, não a fala, que está associado à humildade (e todas as outras virtudes) na piedade Ortodoxa. Mas citada acima está uma das inúmeras passagens da nossa Tradição que enaltecem a fala, a fala baseada na fé, e a sua graça da humildade. Nem sempre é melhor, ou mais piedoso, ficar calado. Podemos causar grandes danos a nós mesmos e aos outros, especialmente aos que nos são mais próximos, por não falarmos o suficiente, por nos fecharmos em nós mesmos. O citado acima é um momento tão belo e cheio do Espírito que o Salmista compartilha conosco, para que não pensemos que o silêncio é sempre a opção “humilde”. O Salmista foi obrigado a falar, por e da convicção da sua fé, e “se tornou muito humilde” por extensão. Compartilhou sobre si mesmo, quando poderia ter ficado em silêncio, mas a fé fê-lo expor o seu coração da forma sacrificial que ele o fez. E por “sacrificial” quero dizer santificador (“sacri-fício” vem de “sacer” e “facere” que significa “tornar santo”). Falemos, portanto, a Deus e uns aos outros, e não nos magoemos uns aos outros com silêncios egocêntricos, quando deveríamos falar.
Versão brasileira: João Antunes
© 2021, Ir. Vassa Larin
www.coffeewithsistervassa.com