“Saindo da sinagoga, foram para casa de Simão e André, com Tiago e João. A sogra de Simão estava de cama com febre, e logo lhe falaram dela. Aproximando-se, [Jesus] tomou-a pela mão e levantou-a. A febre deixou-a e ela começou a servi-los. À noitinha, depois do sol-pôr, trouxeram-lhe todos os enfermos e possessos, e a cidade inteira estava reunida junto à porta. Curou muitos enfermos atormentados por toda a espécie de males e expulsou muitos demônios; mas não deixava falar os demônios, porque sabiam quem Ele era. De madrugada, ainda escuro, levantou-se e saiu; foi para um lugar solitário e ali se pôs em oração.” (Marcos 1,29-35)
Adoro este vislumbre sobre a vida “privada” e “pública” do enormemente popular e ocupado Jesus de Nazaré. Ele passa o tempo “privado” com os amigos próximos, na casa de Simão e André. Mas até ali, Ele está de serviço, fazendo “o Seu”, e cura a sogra de Simão (e, então, é a vez dela servi-l’O, como os amigos fazem uns para os outros). E até ali, “a cidade inteira” se impõe sobre Seu tempo “privado”, reunindo-se junto à porta.
Então, quando é que um Homem tão popular e ocupado encontra tempo para a oração solitária? De madrugada, muito cedo, “ainda escuro”. O Deus-Homem, que é “da mesma essência com o Pai”, realmente “precisa” fazer isso? Bem, sim, eu acho que Ele “precisava” fazer isso, — não para Si mesmo, mas para nós; para nos mostrar como, mesmo em meio à uma agenda lotada, podemos ser criativos e conseguir algum tempo à sós com Deus, talvez quando todo mundo ainda está dormindo, ou quando todos os demais estão ocupados de outra forma. Que eu faça o mesmo, o melhor que eu puder, em um horário bem menos ocupado do aquele que o meu Senhor enfrentava em nosso meio, mas dificultado pela nossa cultura de Internet 24×7. Que eu desligue os meus dispositivos móveis por um tempo hoje, deixando todos os demais ocupados de outra forma e eu esteja ocupado em algum “lugar solitário” em oração sincera, tranquila, por um tempo.
Versão brasileira: João Antunes
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