A PARÁBOLA DOS TALENTOS

Veio, por fim, o que recebeu só um talento: ‘Senhor, disse-lhe, sabia que és um homem duro, que colhes onde não semeaste e recolhes onde não espalhaste. Por isso, tive medo e fui esconder teu talento na terra. Eis aqui, toma o que te pertence’. Respondeu-lhe seu senhor: ‘Servo mau e preguiçoso! Sabias que colho onde não semeei e que recolho onde não espalhei. Devias, pois, levar meu dinheiro ao banco e, à minha volta, eu receberia com os juros o que é meu. Tirai-lhe este talento e dai-o ao que tem dez. Será dado ao que tem e terá em abundância. Mas ao que não tem será tirado mesmo aquilo que julga ter. E a esse servo inútil, jogai-o nas trevas exteriores; ali haverá choro e ranger de dentes’.” (Mateus 25,24-30)

O servo mau e preguiçoso não só presume “conhecer” seu “senhor”, mas se sente no direito de julgar o caráter do senhor como “duro”, e sua riqueza como injustamente obtida, porque o senhor supostamente “colhe onde não semeia”. Isso é semelhante à atitude dos fariseus em relação a Cristo, visto como um novo-rico que estava colhendo e recolhendo nos campos “deles”. Tanto o servo na parábola quanto os opositores de Cristo escolhem o medo ao invés da fé, e são, portanto, cegos a seus próprios caráteres verdadeiros, ao verdadeiro caráter do Mestre, e à natureza de Seus dons. E essa escolha os lança na miséria que vem de mãos dadas com uma vida sem fé e cheia de medo: 1. A inatividade auto isolada, que “esconde” a bondade de Deus, dada a cada um de nós, “na terra”, ao invés de participar do fluxo criativo de Suas energias neste mundo, ao “investí-las” com os outros; 2. a cegueira espiritual, ou “as trevas exteriores”, que não consegue perceber a bondade de Deus, tanto n’Ele quanto em nós, como dada a cada um de nós de diferentes maneiras, de acordo com as nossas diferentes vocações; e 3. o “choro” e o “ranger dos dentes” envolvidos na inveja e ressentimento, que vêm daquela inatividade e cegueira.

Que eu confie em Ti hoje, Senhor, como Tu confiaste em nós, para “ter” e compartilhar Teus dons, que não semeamos. “O que é Vosso do que é Vosso, nós Vos oferecemos em tudo e por tudo! (Τὰ σὰ ἐκ τῶν σῶν σοὶ προσφέρομεν κατὰ πάντα καὶ διὰ πάντα. / Твоя от твоих, тебе приносяще, о всех и за вся.)”.

Versão brasileira: João Antunes

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