“Meu Deus, meu Deus, por que me abandonastes? E permaneceis longe de minhas súplicas e de meus gemidos? Meu Deus, clamo de dia e não me respondeis; imploro de noite e não me atendeis.” (Salmo 21/22,2s)
Não há nada novo em ter “dúvidas” em toda a questão de nosso relacionamento com Deus. Afinal, isso está nos Salmos, como citado acima. E é nas palavras deste preciso Salmo que nosso Senhor deu voz à experiência humana da dúvida, quando clamou da cruz: “Eli, Eli, lema sabachthani?” (Mateus 27,46).
A palavra “dúvida” vem do latim “dubitare”, que significa “hesitar, questionar, vacilar na opinião…”. Ela é parte, na verdade, de todos os meus relacionamentos — os meramente humanos também. Posso ser confrontado com a “dúvida” e, no entanto, permanecer fiel em um relacionamento, quando o venço, em minha jornada carregando a cruz. Porque “o próximo”, incluindo Deus, permanece um “mistério” em parte para mim, levantando pontos de interrogação em minha mente limitada que não sabem tudo.
Então, que eu observe o aspecto humano dessa “hesitação” que é “dúvida” e não a veja como algo fora, ou exclusivo, do meu relacionamento com Deus. Ela é apenas humana, pelo simples fato de não sabermos tudo. E não é novidade, é algo que Deus participa biblicamente, em Seu relacionamento conosco ao longo da História da Salvação. Ele nos leva adiante, através de nossos pontos de interrogação, registrados ao longo das eras, desde os livros do Antigo Testamento, como os Salmos, até o Novo Testamento. Que eu o deixe guiar-me pelo desconforto do meu “não saber” e da minha “incredulidade”, enquanto Ele ajuda Tomé a vencê-lo, dizendo-me: “Não sejas incrédulo, mas homem de fé” (João 20,27).
Versão brasileira: João Antunes
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